Revolução informacional


A revolução informacional se alastrou a partir dos anos 70 e 80, ganhando intensidade nos anos 90 com a propagação da Internet, ou seja, da comunicação em rede por meio do computador.

Por que chamar esse processo de revolução? Porque a informatização penetrou na sociedade tal como a energia elétrica, resultante da Segunda Revolução Industrial, reconfigurou a vida das cidades. O computador, ícone da nova revolução, ligado em rede está alterando a relação das pessoas com o tempo e com o espaço. O computador ressuscitou a escrita após a supremacia das mídias audiovisuais, principalmente após o império da comunicação televisiva. As redes informacionais permitem ampliar a capacidade de pensar de modo inimaginável. A nova revolução tecnológica, como bem apontou Pierre Lévy, ampliou a inteligência humana. Estamos falando de uma tecnologia que permite aumentar o armazenamento, o processamento e a análise de informações, realizar bilhões de relações entre milhares de dados por segundo.

Enquanto a primeira e a segunda revoluções tecnológicas ampliaram a capacidade física e a precisão das atividades humanas, esta revolução amplifica a mente. Eis o maior perigo de se chegar atrasado a ela. Essa revolução, exatamente por fundar-se nas tecnologias da inteligência, amplia exponencialmente as diferenças na capacidade de tratar informações e transformá-las em conhecimento.

Por isso essa revolução não apenas pode consolidar desigualdades sociais como também elevá-las, pois aprofunda o distanciamento cognitivo entre aqueles que já convivem com ela e os que dela estão apartados. Por outro lado, nada indica que o futuro dessa revolução tecnológica esteja previamente definido por alguma "mão invisível" ou destino historicamente manifesto.

A ambigüidade do processo em curso permite lutar por seu direcionamento. Sem luta, é quase certo que o fosso entre info-pobres e info-ricos se alargará. Tal distanciamento se dá não somente entre nações e regiões desenvolvidas e não-desenvolvidas do planeta, mas também se alastra nas periferias dos países ricos, criando barreiras ainda mais intransponíveis para a superação de suas carências.

Um fato recentemente divulgado mostra a força de quem domina a tecnologia. O PIB (Produto Interno Bruto) é o medidor do tamanho da economia de uma região. A Califórnia é o estado norte-americano, na costa do Pacífico, em que está situado o famoso Vale do Silício, local em que se iniciou e ainda se processa a maior parte da Terceira Revolução Tecnológica. Vamos juntar os ingredientes: o PIB da Califórnia atingiu 1,33 trilhão de dólares no ano 2000. Apenas quatro países têm uma economia maior que a da Califórnia: os próprios Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido. A França registrou um PIB menor que o da Califórnia, 1,28 trilhão de dólares. O Brasil deve registrar um PIB em 410 bilhões de dólares, no mesmo período. Mesmo com as imprecisões e oscilações cambiais, é extremamente grave o fato de uma região com a população do tamanho de São Paulo ter uma produção três vezes maior que a brasileira. Isso fica mais grave ainda quando lembramos que o Brasil já teve o oitavo PIB do mundo. As novas tecnologias e os frutos da revolução tecnológica tendem a ampliar o distanciamento entre ricos e pobres.